A ditadura militar, que completa 60 anos neste 1º de abril, cassou figuras políticas de peso no Amazonas. A lista inclui o governador da época, Plínio Coelho, o senador Arthur Virgílio Filho e os deputados federais Almino Afonso e Gilberto Mestrinho. Este último, embora amazonense, era parlamentar por Roraima, na ocasião.
Ao todo, a ditadura militar cassou o mandato de 41 deputados federais, os primeiros afetados pela medida, baseada nos Atos Institucionais de n.º 1 e 2. Perderam o mandato parlamentares do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Social Democrático (PSD), Partido Socialista Brasileiro (PSB), e dos hoje extintos Partido Social Progressista (PSP), Partido Social Trabalhista (PST), União Democrática Nacional (UDN) e Partido Democrata Cristão (PDC).
Posteriormente, entre os anos 1983 e 1994, ele voltaria ao cargo de chefe do Executivo estadual.
Nascido em Humaitá (AM), o então deputado federal Almino Afonso (PTB-AM) havia sido ministro do Trabalho e Previdência Social do presidente da República João Goulart, deposto durante o golpe de 1964. O nome de Almino, que foi líder do governo Goulart na Câmara, constava na segunda lista de cassados, via AI-2.
Com a publicação do Ato Institucional n.º 4, em junho de 1964, o então governador do Amazonas, Plínio Coelho (PTB), também foi retirado do cargo. Além disso, teve seus direitos políticos cassados por dez anos. No lugar dele, a Assembleia Legislativa do Amazonas elegeu o professor Arthur César Ferreira Reis que, posteriormente, mandaria interditar a mesma Casa que o colocou no cargo.
Arthur Virgílio Filho (MDB), nascido em Manaus, fez parte da lista de oito senadores da República que foram cassados pelo Ato Institucional n.º 5, considerado o mais brutal da ditadura. Pai do ex-prefeito da capital amazonense, Arthur Virgílio Neto, o então senador chegou a ser líder do PTB no Senado (1962) e criticou, em mais de uma ocasião, os atos da ditadura, como a extinção dos partidos políticos via AI-2.
Memória
Professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pesquisador sobre governos militares na Amazônia, César Queirós explica que ainda há uma visão, em parte da sociedade, que resume a ditadura militar aos acontecimentos em São Paulo e Rio de Janeiro. Pelo contrário, a repressão chegou a outros estados, inclusive ao Amazonas.
Lamentável
César Queirós define como “lamentável” a frase do presidente Lula (PT), no mês passado, sobre querer evitar “remoer o passado” e tocar “a história para frente”. A resposta foi dada a um jornalista da Rede TV, que perguntou como o governo pretendia abordar os 60 anos do golpe militar.
“Compreendo o contexto no qual ele está inserido, um em que ele busca uma aproximação com as Forças e talvez evitar constrangimento, mas acho frustrante que um presidente eleito como representante do Estado Democrático de Direito, contra um candidato do autoritarismo, se manifeste dessa forma”, pontuou.
Com informações: A Crítica