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Hoje no Passado: Mamonas Assassinas, o legado do cometa da alegria

O legado imortal dos Mamonas Assassinas, o cometa da alegria

Em meio à efervescência cultural dos anos 90, um grupo musical brasileiro emergiu não apenas como uma banda de rock, mas como um fenômeno cultural que deixou uma marca indelével na história da música do país. Mamonas Assassinas, saudosamente lembrada como o Cometa da Alegria, transcendeu os limites do convencional ao mesclar diversos gêneros musicais de forma irreverente e excêntrica, conquistando o coração de milhões de fãs em um curto período de tempo.

Originada da banda Utopia, formada em Guarulhos em março de 1989, a trajetória da banda teve início quando Sérgio Reoli, então trabalhando na empresa Olivetti, conheceu Maurício Hinoto, irmão de Alberto Hinoto, posteriormente conhecido como Bento Hinoto. A descoberta mútua de suas habilidades musicais levou à formação da banda, com Sérgio assumindo a bateria e Bento a guitarra. Pouco tempo depois, o irmão de Sérgio, Samuel Reoli, integrou-se ao grupo como baixista. Assim nasceu o Utopia, um grupo especializado em covers de bandas renomadas como Ultraje a Rigor, Legião Urbana e Titãs.

Em 1990, durante um show da banda, uma cena icônica marcou o destino dos músicos. Ao perguntarem à plateia se alguém sabia cantar “Sweet Child O’ Mine”, do Guns N’ Roses, surgiu o carismático vocalista Dinho. Apesar de seu inglês limitado, sua apresentação foi tão marcante que ele foi imediatamente aprovado pela banda. Além disso, Dinho trouxe consigo seu amigo e talentoso tecladista Júlio Rasec, que mais tarde se tornaria seu parceiro de composição.

Em 1992, a banda conheceu Rick Bonadio, que também estava em inicio de carreira como produtor, e em seu estúdio produziram o vinil Utopia, seu primeiro e único disco independente, composto por 6 canções. Das mil cópias produzidas, apenas cem foram vendidas na época.

Em 1995 os integrantes Dinho (vocal), Júlio Rasec (teclado e vocais), Bento Hinoto (guitarra), Samuel Reoli (baixo) e Sérgio Reoli (bateria) incentivados pelo então promissor produtor Rick Bonadio, decidiram dar uma guinada em sua trajetória musical, incorporando elementos de pop rock a gêneros tão diversos como sertanejo, heavy metal, pagode romântico e forró. Essa mistura eclética de estilos deu origem ao que seria conhecido como rock cômico ou rock besteirol, um gênero único e inovador no cenário musical brasileiro.

A ascensão meteórica dos Mamonas Assassinas foi interrompida tragicamente em 2 de março de 1996. Enquanto voltavam de um show em Brasília, o jatinho Learjet em que viajavam, modelo 25D prefixo PT-LSD, chocou-se contra a Serra da Cantareira, às 23h16, numa tentativa de arremetida, matando todos que estavam no avião. O país inteiro foi tomado pela comoção nacional, enquanto lamentava a perda de talentos promissores que haviam conquistado o coração de uma nação.

No dia 4 de março de 1996, o enterro no cemitério Parque das Primaveras, em Guarulhos, São Paulo, foi acompanhado por mais de 65 mil fãs. Escolas suspenderam aulas em sinal de luto, enquanto canais de TV interromperam suas programações normais para transmitir o evento. A comoção demonstrada por essa multidão de fãs ilustrou a profunda conexão que os Mamonas Assassinas haviam estabelecido com o público brasileiro em tão pouco tempo.

Apesar de sua curta trajetória, que durou pouco mais de oito meses, os Mamonas Assassinas deixaram um legado duradouro. Seu álbum de estreia homônimo, lançado em junho de 1995, alcançou um sucesso estrondoso, vendendo mais de 3 milhões de cópias no Brasil e conquistando o prestigiado certificado de disco de diamante da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). Hits como “Vira-Vira” e “Pelados em Santos” dominaram as paradas de sucesso e continuam sendo tocados e reverenciados até os dias de hoje.

O impacto dos Mamonas Assassinas transcendeu a música. A banda se tornou um símbolo de irreverência e autenticidade, desafiando convenções e celebrando a diversidade cultural brasileira. Mesmo após mais de duas décadas de sua trágica partida, sua influência ainda ressoa no cenário musical nacional, inspirando artistas e fãs de todas as gerações.

O legado dos Mamonas Assassinas foi imortalizado em diversos álbuns póstumos, que reuniram materiais inéditos e gravações antigas, mantendo viva a chama de sua genialidade musical. Em dezembro de 2023, o lançamento do filme biográfico sobre a banda reavivou o interesse do público, tornando-se a maior estreia de um filme nacional nos cinemas brasileiros desde o início da pandemia de coronavírus.

Hoje, o nome Mamonas Assassinas permanece como um ícone do rock brasileiro, lembrando-nos da efemeridade da vida e do poder transformador da música. Seu único álbum lançado continua a figurar entre os 10 mais vendidos do Brasil em todos os tempos, um testemunho eterno do talento e da irreverência dos cinco jovens que conquistaram o coração do país e deixaram um legado que jamais será esquecido.

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