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Sessão da Tarde faz 50 anos

Para muitos, a atração televisiva foi a porta de entrada para a cinefilia

Completando 50 anos nesta segunda-feira (4), a Sessão da Tarde, um clássico desde sempre, carrega dentre outras místicas, a de ser porta de entrada para o mundo do cinema e a formação despretensiosa de cinéfilos.

A primeira Sessão da Tarde foi exibida em 4 de março de 1974, quando a TV Globo, que ainda não era uma rede nacional, programou para suas transmissoras do Rio e São Paulo os filmes “Os Perigos de Paulina” (Herbert B. Leonard/Joshua Shelley, 1967) e “Oito e Meio” (Federico Fellini, 1963).

A atração criada para a família logo virou sucesso, o que só aumentou com a programação sendo unificada em 1975 e ganhando uma escala estratosférica com a emissora se tornando uma rede nacional.

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Na formação da cinefilia

A Sessão da Tarde, que até virou adjetivo para produções “água com açúcar” ou “rolês caretas” (sem álcool e outras substâncias e com todo mundo voltando bem para casa), foi responsável pela formação de gerações de dubladores, roteiristas, diretores e cinéfilos.

A atração que ainda consegue reunir mais de 20 milhões de espectadores em frente à TV já teve números bem maiores. Claro que numa época sem internet, streaming ou plataformas.

Mas a programação nem sempre foi tão “sessão da tarde”. Basta lembrar de Fellini sendo exibido na estreia. Uma das aberturas da atração contava com imagens estáticas de Yul Brynner, Elizabeth Taylor e Woody Allen, entre outros (veja essa abertura clicando aqui).

Depois vieram os anos de 1980 e o pastelão (que logo ficou frio e murcho) d’Os Trapalhões, as comédias dramáticas adolescentes de John Hughes, os filmes “de porrada” de Remo, Rambo e Conan, a gaiatice de Eddie Murphy e outros que marcaram época.

Na companhia da Sessão 

Fotógrafo e diretor independente de cinema, Jimmy Christian teve sua formação iniciada na Sessão da Tarde. “Sessão da Tarde formou cinéfilos sem pretensão”, disse o diretor de “Zico, o Jabuti” (2020) e “Desentupidor” (2022).

Jimmy Christian (Foto: acervo)

Com quase a mesma idade que a atração, Jimmy acompanhou as mudanças de cenário da sessão. “Acompanhei a transição da programação dos anos 1970 para os 1980. Passavam muitos filmes preto e branco, muitas das vezes os musicais que eu não gostava (risos). Porém. lembro muito de ‘O Pássaro Azul’ (1940, com Shirley Temple. N. do E.)”, conta o cinéfilo.

“Depois começaram a passar os mais modernos, lembro muito dos filmes de cachorro, Benji e Digby. Mas o imbatível pra mim é a ‘Fantástica Fábrica de Chocolate’ de 1971, com Gene Wilder”, lembra Jimmy

Aficionado por contação de histórias, logo também por cinema, Sid Sheldowt é outro que cresceu com a Sessão da Tarde.

Sid Sheldowt (Foto: acervo)

“A Sessão da Tarde me traz lembranças dos tempos em que morávamos em uma vila construída dentro do ERIN (Estaleiro Rio Negro). Os filmes que mais assisti na sessão da tarde foram, sem dúvida, ‘Os Goonies’ (1985), ‘Esqueceram de Mim’ (1990) e ‘Um Tira da Pesada’ (1984). Por esses filmes até faltava aula. Os filmes que mais me marcaram foram ‘Conta Comigo’ (1986), ‘Os Garotos Perdidos’ (1987) e ‘Piratas das Ilhas Selvagens’ (1983), que despertaram em mim o interesse por criar histórias”, conta o escritor, compositor e gestor de mídias sociais.

A companhia da Sessão da Tarde também serve como uma régua cronológica. Com o tempo mudam os gostos e os interesses e os filmes de cada época ficam na memória, aponta o chargista, cartunista e desenhista Gilmal.

Gilmal (Foto: acervo)

“Digo que foi o meu primeiro contato com o cinema, sim! Um saudosismo naquelas tardes que foram marcantes na minha infância. Listo os filmes do Benji e do golfinho Flipper. Da categoria ‘de cachorro’, ainda tem os filmes da Lassie”.

“Mais crescido, vieram ‘Superman’ (1978), ‘Karatê Kid’ (1984) e ‘Curtindo a Vida Adoidado’ (1986). Já na década seguinte, os anos de 1990 eu comecei a ir pra rua com os moleques do bairro. É isso!”, finaliza Gilmal

Os mais manjados

Um levantamento feito pela Globo mostrou que “Curtindo a Vida Adoidado” (1986), “Um Príncipe em Nova York” (1988), “Ghost: Do Outro Lado da Vida” (1990), “De Volta à Lagoa Azul” (1991), “Encontro de Amor” (2002) e “De Repente 30” (2004) são os líderes de reprises, exibidos mais de 15 vezes no horário.

Alguns nacionais também estão entre os mais manjados. “O Auto da Compadecida” (2000), “A Princesa Xuxa e os Trapalhões” (1989) e “Lua de Cristal” (1990) foram exibidas mais de 10 vezes na Sessão da Tarde.

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